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3 de out. de 2015

Alameda



Hoje eu dormi na rua. Ao beirar à porta, ouvi uns ruídos estranhos e escolhi não entrar. Dormi na rua. O nervosismo de alguém esbarrou em um copo, pude ouvi-lo titubear mas percebi que não chegou a quebrar. E aí eu dormi na rua. Deus me convidou a reconsiderar mas eu e O pedi pra esperar. Quem é que pede pra Deus esperar? Eu só queria não ter o que pensar. E daí que dormi na rua? Eu venho sendo tão rua quanto qualquer desabrigado. Sou tão obrigada que não quis mais morar. Minha vontade era errar sem que um caminhão de cargas julgadoras me atropelasse mais. Me preocupa que eu não me culpe. Eu ouvia os pássaros que me assistiam escrever, me pedindo pra continuar e soava triste. Eu mal sabia o que ortografar. Passarinhos, me perdoem por fechar a janela sem avisar. Me senti uma velha que cansou de brincar, se recolheu e foi deitar. Eu tento voltar. Me perdoem porque ao menos, venho aprendendo a perdoar. Ou não, se eu houvesse perdoado de verdade, não temeria reencontrar, Ou não, talvez seja um falso perdão. Mas me esforço para parafrasear e não me contenho enquanto não desenrolar.
Entendo que, não há o que esperar de alguém que vem dormindo na rua por medo de entrar. Eu não queria abrir a porta, eu não queria abrir mão de mim só por não mais crer no "sim".
Eu só queria me encontrar. Ainda que eu continue nessa de querer rimar, sem parar.
Dormi na rua porque ali ao menos, posso cantar. Dormi na rua mas não quis mendigar, ao menos aprendi a não implorar.

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